quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Vida

Em uma selva de esculturas,
Todas tortas e decadentes,
Umas perdem os braços e outras, a cabeça.
-Para salvar o mundo de seu câncer! - Exclamam os moralistas,
-Acabem com a farsa! - gritam os velhos, estes, 
que perdem seus filhos para a máquina.

Um aço trepidante que da armas às crianças,
Queima os livros e joga as cinzas nas caras dos homens.
Alguém para salvar este mundo cheio de doentes e hidrofóbicos?
 Homens que se arrastam, escarrando ao chão e deitando em cima,

E não, não tenho repulsa.

Porque eu sou igual a esses homens,
Viro-me de lado e sinto o escarro manchando meu casaco,
Vejo meu corpo se estatelar ao chão e o socorro chegando tarde.

Alguém há de vir por nós, pois que abram as portas
E deixem o ar entrar e levar a gente consigo
-Não há esperança! - uns dizem,
são os primeiros a perecer na tortuosa luta contra a existência.

E há ainda aqueles que rasgam seus ternos e correm na rua,
Destruindo os cartazes políticos ao som de sinfonias.
-Anarquia! - grita a constituição,

-Vida! - gritam os homens.

(Giuseppe Neto) 

Dedico este poema para meu amigo e genial poeta Thiago Nelsis (http://celebracaododesproposito.blogspot.com.br/) porque a ideia deste texto - e de muitos outros - surgiu em uma de nossas conversas regadas a vinho. 

Aqui vai o link do livro dele:

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