Em uma selva de esculturas,
Todas tortas e decadentes,
Umas perdem os braços e outras, a cabeça.
-Para salvar o mundo de seu câncer! - Exclamam os moralistas,
-Acabem com a farsa! - gritam os velhos, estes,
que perdem seus filhos para a máquina.
Um aço trepidante que da armas às crianças,
Queima os livros e joga as cinzas nas caras dos homens.
Alguém para salvar este mundo cheio de doentes e
hidrofóbicos?
Homens que se
arrastam, escarrando ao chão e deitando em cima,
E não, não tenho repulsa.
Porque eu sou igual a esses homens,
Viro-me de lado e sinto o escarro manchando meu casaco,
Vejo meu corpo se estatelar ao chão e o socorro chegando
tarde.
Alguém há de vir por nós, pois que abram as portas
E deixem o ar entrar e levar a gente consigo
-Não há esperança! - uns dizem,
são os primeiros a perecer na tortuosa luta contra a
existência.
E há ainda aqueles que rasgam seus ternos e correm na rua,
Destruindo os cartazes políticos ao som de sinfonias.
-Anarquia! - grita a constituição,
-Vida! - gritam os homens.
(Giuseppe Neto)
Dedico este poema para meu amigo e genial poeta Thiago Nelsis (http://celebracaododesproposito.blogspot.com.br/) porque a ideia deste texto - e de muitos outros - surgiu em uma de nossas conversas regadas a vinho.
Aqui vai o link do livro dele:
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