Desabroche fervente pétala
da cor mais singular possível,
tão ínfima e preciosa.
Tempos eu criei
e tempos eu vivi
Em muitos tempos eu gritei
até me render a dor e,
finalmente,
liquefazendo-me em rubra seiva eu estou.
E não na lágrima que cai na folha
ou na ponta da pena que risca, algoz,
o inicio de tudo que virá.
Mas em todas as páginas que foram
escritas e lidas até hoje.
Desabroche, dilacere.
Escuto o estalar do aço,
um aperto em músculo que derrama sangue morno
Escuto o disparo da arma
que come, ávida, minhas entranhas
Queime até o osso, sinta o cheiro
derrame a seiva que arde na pele
Desabroche e chegue ao inferno
-enquanto minha carne definha-.
(Giuseppe Neto)
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