terça-feira, 17 de setembro de 2013

Homem Morto I

Aqui vos deixo meus dilemas e segredos
antes que o castigo me faça padecer
em desagradável condição.
Se por ventura todo esse caos seja obra de um deus lunático
que perdeu seu foco em suas tarefas divinas ,
- que deveras são mais importantes  do que atormentar um patife como eu -
Queixo-me de que mereci só parte de toda essa loucura.

Encontro-me em quartos vazios freqüentemente,
perdido na infinidade do cosmo.
Meu calhamaço se encontra sob a mesa
servindo de alimento às traças
Enquanto a lâmpada ofusca meus olhos
e cria sombras em nossas costas nuas

O que mais pode fazer um homem amaldiçoado?
Se o cotidiano me despedaça
Se o tédio lança suas garras regularmente
Se não posso ficar parado em lugar algum.
Isso tudo me incomoda!
O vento que outrora fora terno e amigável,
hoje me cansa, atordoa-me.

Cá estou eu, contando as últimas memórias de uma mente lúcida
Se prestes serei apagado, nada sei disso.
Se Serei transportado para o nada,
o nada absoluto  - onde nem eu existo -, nada sei.
Mas ainda assim eu estarei vagando, cabisbaixo pelas calçadas
Não sei com que pensamentos ou olhos eu hei de estar,
Nem se eu hei de ter a mesma sede que tenho hoje.


(Giuseppe Neto)

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