quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Poema para Gabriela

Cantava Gabriela,
deslizando os pés na relva
- que beijava-os friamente.

Circulava por entre os canteiros,
mimetizava as borboletas.
Tornara o jardim tão terno
- ele que outrora foi lúgubre.

E sua voz - um timbre inócuo.
Era rouxinol, era cotovia.

O salgueiro chorava,
As samambaias, em desespero,
cerravam os olhos.

Efêmero.

E como a fumaça,
Gabriela dissipara-se.
Era devaneio, era sonho.

Fugia.

A relva já não beijava. Mordia.
As borboletas sem rainha, Perdidas.
O jardim que estava doce, Penumbroso.
O salgueiro e a samambaia,  Morriam.