sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Sonhos de Boêmia


A francesa repousava encorpada no estúdio
-que me servia de quarto, escondendo-me o mundo.
O sabor da fumaça , entorpecia-me,
era então um prelúdio
para me afogar na bebida enquanto eu pintava-a nua.

O chapéu me escondia as estrelas
na crua madrugada que se sucede e eu
vagava de ateliê em ateliê com uma canção triste,
garrafa na mão e beleza tua...

Escrevia sobre o vinho e sobre dores
sobre a fornicação do ópio com a amarga alma e
inspirava a dança juvenil que se espalhava
pelas ruas de uma cidade cantora

No perfumado quarto de uma bela musa
A noite morria e lá estavam espalhados
Poetas há muito embriagados
recolhendo suas tralhas e espalhando escusas.

E morria a noite na rua das luzes,
com ela fugiam os pintores italianos
e os sonhos de boêmia.

(Giuseppe Neto)