terça-feira, 7 de abril de 2015

O Bardo

Corria às ruas uma pungente maravilha sonora,
Dançavam ignavos arranjos por entre as alamedas,
Eia! Ímpeto de seguir estas louçãs notas!
Nasce em meu coração um tépido furor:
Explode em um fragor infernal;
Anárquico som que apunhala meus conventos;
Sangra meu rosto, minh'alma é melodia.

Vejo o cistre diabólico!
Pária viçosa entre um anjo e Satã
Altissonante instrumento divino!
Faz meu choro ao corpo trair,

Troam as cordas, matam-me deliciosamente
Parto-me em vários, delirantes clones!
Sepultado neste tugúrio de emoções
Explode vivaz o meu corpo!
Goza desta maravilha!
Chorarei por cada silêncio que suceder,
serei podre, até que o melindroso som 
- que outrora preenchera-me de razões -, 
seja extirpado  desta pobre vida.


Serei eu, então. Novamente.