O que eu sou, então?
O animal já morno que se exila de seu mundo, vejo-me assim.
Já não vivo, apesar de respirar.
Já não ostento aquela vontade titânica de conhecer o mundo e
tudo.
Que sujeito arrogante eu
ao pensar que o mundo me pertencia.
Nem mesmo sei o que sou.
Ou sei,
mas tenho medo do que sei.
-Eu sou uma sobra.
Uma sobra que anda no gume do abismo sem decidir-se quando cair,
alguém que morre - em devaneio- todos os dias.
Eu posso ser tudo, sendo nada...
(Giuseppe Neto)