sexta-feira, 1 de maio de 2015

Caminhar dos Teixos

O lamento é meu verdugo,
Carrasco pronto a degolar-me;
A vida formou-me uma estepe,
Que digere dia após dia;
Vazio descarado,
Veste-me como um sudário.
Vilipendiosa Ausência,
Faz as vezes de cadeado;
 (recôndita alma minha)

Caminham teixos por estes campos,
Passeando laboriosos, zombando aos podres;
Cegamente dirigem-se ao abismo da vida.
Vinga, teixo imundo!
Caminha com tua face derretida,
Escapa dessa derrisão, ó vil e ordinário!
Faz-se ser paladino nesta escuridão infinda.
Levanta em tua fronte a lâmpada fresca,
Faça-a rutilar neste negrume distorcido;
Abre caminho ante a dor e o Amargo;
Deixa aos pés tua vergonha e toma da mão do sujo;
Abraça os tíbios deuses e ama tua decadência.
Abre-te como uma chaga,
Faz o lúcido perder a razão,
Pula ao pélago escuro e

Morra como o sol ao crepúsculo.